A religião muçulmana é a que mais cresce no mundo. Hoje são 1 bilhão e 600 milhões de praticantes. No Brasil vivem 1 milhão e 500 mil mulçumanos.
A criança mulçumana aprendendo a ler o Alcorão

Nesse ano, de 13 de abril a 12 de maio, os muçulmanos vivenciam o Ramadã, um período sagrado que, segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé recebeu suas revelações divinas, no século 7.

Para explicar a tradição e como é celebrada a chegada dessas leis religiosas, o Canal Angelini recebe o Sheikh Jihad Hammadeh, presidente do CALCEE – Centro Árabe-Latino de Cultura e Estudos Estratégicos e vice-presidente da UNI- União Nacional das Entidades Islâmicas Membro do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil.

Os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr-do-sol. “Esse é um dos pilares do islã e uma forma de adoração mais antiga, assim como a oração, pois o jejum é uma purificação física, mental e espiritual. O Ramadã é um autocontrole, com o exercício do jejum. Rezamos e celebramos a superação e sacrifício pessoal. Sentimos na pele o que uma pessoa necessitada sente o ano todo”, explica o Sheikh Jirah.

O programa sobre o Ramadã estreia dia 13 de maio, no Canal Angelini pelo Youtube e em podcast pelo Spotify, em homenagem aos mais de 1 milhão e 500 mil de mulçumanos que vivem no Brasil e comemoram com festa por terem conseguido passar pelo mês sagrado, valorizando o simples, a comida e as bênçãos.

O Ramadã

Por Daniel Neves – professor de história

Ramadã ou Ramadan é o nono mês do calendário islâmico (baseado nos ciclos da Lua). Os muçulmanos acreditam que nesse mês, em 610, o profeta Muhammad recebeu a revelação da palavra de Allah. Assim, por ser um mês sagrado, os muçulmanos fazem jejum do nascer ao pôr do Sol.

O que é o Ramadã?

O Ramadã, também escrito como Ramadan, é o nono mês do calendário islâmico, que se baseia nos ciclos lunares e possui 354 ou 355 dias. Esse é um mês sagrado para os muçulmanos, pois, na religião islâmica, foi o momento em que o arcanjo Gabriel desceu do céu com a mensagem de Allah para Muhammad (Maomé): o Alcorão.

O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico e é o mais sagrado deles, sendo marcado por jejuns, orações, recitações do Alcorão e obras de caridade.[1]
O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico e é o mais sagrado deles, sendo marcado por jejuns, orações, recitações do Alcorão e obras de caridade.[1]

A revelação do Alcorão teria acontecido na Arábia Saudita, quando Muhammad estava em meditação no deserto, por volta do ano 610 d.C.

Durante a revelação, Muhammad recitou um verso que pertencia à palavra de Allah, e esse acontecimento ficou conhecido como Noite do Destino. A partir disso, Muhammad passou a levar a mensagem de Allah, que é a seguinte: não existe nenhum Deus além de Allah, e Muhammad é seu profeta.

Esse acontecimento transformou o Ramadã em um mês muito importante para os muçulmanos, e, por isso, nele ocorre o ritual do jejum. Esse jejum é realizado em celebração à revelação da palavra de Allah e é um dos cinco pilares do islamismo. Seu intuito é permitir que os filhos de Allah possam se aproximar dele e crescer espiritualmente.

O início do Ramadã é determinado por meio de cálculos ou de observação astronômica. O marco para o fim do Shaaban (oitavo mês do calendário islâmico) é o aparecimento da Lua crescente. No 29º dia desse mês, a Lua crescente é procurada no céu, e, se avistada, o Ramadã inicia-se no dia seguinte.

Caso a Lua não seja avistada e os cálculos não apontem o início dela, o dia seguinte será o 30º dia do Shaaban, e, assim, o Ramadã se iniciará depois que ele se encerrar. Esse processo também é usado para definir o fim do Ramadã e o início de Shawwal, o décimo mês do calendário islâmico.

Esse processo deve ser realizado com bastante atenção porque o aparecimento da Lua crescente é um fenômeno que acontece por aproximadamente 20 minutos. No ano de 2021, o Ramadã se estenderá de 13 de abril ao 12 de maio. Por ser uma celebração baseada em um calendário com duração menor que o calendário gregoriano, isso significa que, em cada ano, a celebração ocorre em um período diferente.

Vimos que o Ramadã é o nono mês do calendário islâmico. Os outros meses presentes nesse calendário são os seguintes:

  1. Muharram
  2. Safar
  3. Rabi al-Awwal
  4. Rabi al-Akhir
  5. Jamadi al-Awwal
  6. Jamadi al-Akhir
  7. Rajab
  8. Shaaban
  9. Ramadã
  10. Shawwal
  11. Dhu al-Qidah
  12. Dhu al-Hija

 

Quais são os costumes do Ramadã?

O Ramadã se estende por 29 ou 30 dias, e, ao longo desse período, os muçulmanos devem realizar um jejum (sawm) como celebração à revelação do Alcorão ao profeta Muhammad. Como mencionado, o jejum é uma prática obrigatória do islamismo e faz parte dos cinco pilares dessa religião. A importância do jejum pode ser identificada no próprio Alcorão:

183. Ò vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como prescrito aos que foram antes de vós, para serdes piedosos.

184. Durante dias contados. E quem de vós estiver enfermo ou em viagem, que jejue o mesmo número de outros dias. E impende aos que podem fazê-lo, mas com muita dificuldade, um resgate: alimentar um necessitado. E quem mais o faz, voluntariamente, visando ao bem, ser-lhe-á melhor. E jejuardes vos é melhor. Se soubésseis!|1|

O jejum é, portanto, uma prática obrigatória de todo muçulmano, e, no período do Ramadã, deve ser realizado entre o nascer do Sol até o momento em que o astro se põe. Nesse ínterim, os muçulmanos devem se abster de todo o tipo de comida e bebida (incluindo água), de atividades sexuais e de atividades pecaminosas, como proferir palavras grosseiras.

A citação anterior também nos ajuda a perceber que, apesar de obrigatório, a fé islâmica permite algumas exceções ao jejum. Assim, pessoas doentes, idosos, crianças, mulheres grávidas, em amamentação ou menstruadas e pessoas em viagem não são obrigados a jejuar. Nesses casos, o jejum pode ser reposto no restante do ano antes do próximo Ramadã. Em último caso, se a pessoa não tiver condição de cumprir o jejum, ela deve alimentar uma pessoa necessitada por dia de Ramadã.

Os sacrifícios físicos cobrados com o jejum são apenas uma parte do Ramadã, uma vez que esse mês, por ser sagrado, é um momento em que as pessoas se aproximam de Allah. O Ramadã é considerado o mês do perdão, então, é um momento para que os muçulmanos possam se reconectar com Allah a fim de ter seus pecados perdoados e de se tornar pessoas melhores.

Dessa forma, algumas práticas dos muçulmanos são reforçadas nesse período. Nesse caso, estamos falando das orações e das recitações dos versos presentes no Alcorão. Durante o Ramadã, também são reforçadas as práticas de caridade, outro dos pilares do islamismo. Os muçulmanos também evitam brigas, desentendimentos e todo tipo de mentira.

O dia de um muçulmano durante o Ramadã se inicia cedo, pois, por volta das quatro horas da madrugada, acontece a Suhur, a primeira refeição do dia. Logo em seguida, ocorre a Fajr, a primeira oração do dia. Depois que o Sol se põe, os muçulmanos realizam a Magrib, uma oração, e o Iftar, a refeição da noite e que é tida como um momento de comunhão das pessoas. Um alimento muito importante ao longo do período do Ramadã são as tâmaras.

Depois que o Sol se põe, os muçulmanos realizam o Iftar, a refeição da noite.
Depois que o Sol se põe, os muçulmanos realizam o Iftar, a refeição da noite.

É muito comum também que, ao longo do dia, as pessoas se reúnam nas mesquitas para fazer as suas orações diárias. Além disso, as pessoas tendem a aumentar a sua devoção nos 10 dias finais do Ramadã, pois acredita-se que a revelação do Alcorão para Muhammad aconteceu nos últimos 10 dias desse mês.

O Ramadã é encerrado por uma celebração conhecida como Eid al-Fitr, que pode ser traduzido como “festival de quebra de jejum”. Nesse festival são feitas celebrações que se estendem por três dias e em que há muita comida. Esses três dias são entendidos como feriado em muitos países muçulmanos, e neles é muito comum que as pessoas troquem presentes entre si.

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Antonino Simões de Campos
Jornalista formado pela Universidade Ceub - Brasilia/DF. Ex-presidente da Adjori/ES - Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Estado do Espírito Santo - de 2013 a 2016