Torcedores israelenses não conseguem selecionar seu país no site Winterhill Hospitality, licenciado pela Fifa, para comprarem pacotes para assistirem aos jogos do mundial

Faltam cerca de 100 dias para o início do maior evento esportivo do mundo, a Copa do Mundo de Futebol da Fifa, sediada no Catar, um país que não reconhece o Estado de Israel. Embora os contratos obriguem que cidadãos israelenses possam ir aos jogos e entrar e sair em segurança do país, com garantia de igualdade às demais nacionalidades, o site Winterhill Hospitality, licenciado pela Fifa para a venda de ingressos e “pacotes de hospitalidade” (que incluem acomodações nos locais dos jogos selecionados e benefícios extras), não incluiu Israel no campo de países quando o comprador vai preencher os dados necessários para a compra.
A seleção de Israel disputa suas partidas de qualificação, em todos os níveis, na Europa. No entanto, recentemente, ao tentar comprar ingressos no site Winterhill Hospitality, o torcedor de Israel não encontrou seu país. Por sua vez, “Palestinian Territory, Occupied” (Territórios da Palestina, Ocupados), aparecia como opção válida para seleção. O site até chegou a permanecer no ar com essa anomalia durante cinco horas na quarta-feira (10), e após esse período ficou “fora de funcionamento temporariamente”. No dia seguinte, quinta-feira (11), o site foi atualizado: a opção de “territórios ocupados” foi excluída, mas Israel continua fora da lista.
A Fifa não atuou diretamente na elaboração e no lançamento da página, mas o Winterhill Hospitality é licenciado pela entidade, que, portanto, tem responsabilidade pelo episódio de desrespeito ao Estado de Israel. Os responsáveis foram afastados de suas funções e o site está em reformulação. Além de Israel, países como Armênia, Azerbaijão e Geórgia também ficaram de fora da lista e se manifestaram contra o caso.
Israel tem feito o possível para cooperar com o sucesso do Mundial. Junto às autoridades da Jordânia e da Europa, o país decidiu abrir seu espaço aéreo para voos internacionais de e para o Catar durante a Copa do Mundo para encurtar o trajeto e facilitar o caminho de torcedores. Além disso, Israel já havia fechado um acordo com a FIFA em junho que permitiria que israelenses viajassem ao Catar para participarem da Copa sem o uso de passaporte estrangeiro, a primeira vez em que isso seria permitido, pois o Catar não permite vistos para passaportes israelenses. Por conta disso, antes do acordo ter sido fechado, ainda havia especulações sobre se os israelenses poderiam de fato comparecer aos jogos.
Para o cientista político e presidente executivo da StandWithUs Brasil, André Lajst, é lamentável que haja descriminação e antissemitismo até para a compra de ingressos para a Copa. “O governo israelense tem colaborado de todas as formas com o evento, mas a organização precisa assegurar os direitos dos cidadãos de Israel e de todos aqueles que queiram assistir às partidas do time israelense”, diz o especialista.
No site licenciado pela FIFA, ainda é possível comprar os pacotes de hospitalidade, que contam com ingressos para os jogos e acomodações no local das partidas inclusos. No entanto, até o momento da publicação deste texto (em 12 de agosto, às 10h da manhã), o torcedor de Israel ainda não tem a opção de escolher agentes de vendas em seu país.
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Antonino Simões de Campos
Jornalista formado pela Universidade Ceub - Brasilia/DF. Ex-presidente da Adjori/ES - Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Estado do Espírito Santo - de 2013 a 2016